2011
"Nothing Ahead/Nothing Behind" é o novo disco de Rose Blanket, o projecto musical de Miguel Dias. Trata-se de um disco duplo gravado intermitentemente entre Dezembro de 2008 e Fevereiro de 2011, numa 1ª fase em Barcelos na C-House com José Arantes e posteriormente em Lisboa no Golden Pony Studio com Pedro Magalhães.
As gravações em Barcelos são determinantes para a sonoridade do disco, dado terem decorrido numa casa de habitação e em diversas das suas divisões, possibilitando um espaço próprio para as músicas, fora do conceito tradicional de estúdio.
Miguel Dias assina a autoria dos temas e o conjunto de músicos convidados a participar é no essencial idêntico ao do disco anterior.
Por outro lado, é um disco menos individualista e cuja construção e crescimento foi mais partilhado por Miguel Dias, não só com José Arantes e Pedro Magalhães que gravaram e co-produziram, mas também com os músicos, em especial Filipa Caetano, Miguel Gomes, André Simão e Pedro Cabral, com uma participação mais constante ao longo do(s) disco(s).
Acrescem as participações vocais de Jennifer Charles (Elysian Fields) e Dana Schechter (multi-instrumentista nova-iorquina que para além do seu próprio projecto Bee and Flower colabora com Michael Gira e American Music Club entre outros).
No caso de Jennifer Charles, o tema “Feel My Way Around” foi o escolhido para single de apresentação do disco com direito a videoclip realizado por Joana Linda.
O contínuo processo de criação, gravação, rejeição, reformulação e a própria reivindicação de o poder fazer, sem constrangimentos, foi uma das motivações para este novo disco e está reflectido na inconstância do alinhamento de 23 músicas que compõem este trabalho, com uma sonoridade instável, como se revela na incapacidade de se deter numa determinada orientação e inquieta, embora por vezes aparentando uma calma que parece nunca chegar a concretizar-se.
O fio condutor acaba por ser a voz de Filipa Caetano, uma descoberta com as gravações já em fase adiantada e que acabou por marcar muitas das opções que foram sendo feitas.
Um disco que, em certa medida, marca um regresso ao formato canção, ainda que pontualmente e de forma não totalmente declarada, e em que a experimentação e exploração sonora permanecem vincadamente presentes.
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