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Está de volta o duo criado em 2002 por Sophia Vieira e João Vaz, hoje, pela primeira vez, constituídos banda. Desde o primeiro minuto, leia-se “Born From Ashes” (2006), apresentaram uma coesão acima da média e o resultado foi uma ascendente afirmação entre uma das melhores propostas do rock alternativo nacional.
Esteticamente marcaram uma abordagem mais directa no anterior “Aurora Core”, em contraponto com a costela electrónica do seu álbum de estreia. E nesta sequência lógica, chegam ao seu terceiro longa-duração a intensificar esta mesma fórmula dando-lhe mais algum músculo, retirando algum do pendor gótico mas sem comprometer um milímetro da sua capacidade de criar texturas intemporais através, sobretudo, das suas melodias.
Contudo, apesar de enorme sensibilidade radiofónica, os Cinemuerte transpiram uma honestidade louvável, mantendo um equilíbrio perfeito entre música para as massas e para toda a gente que tem bom ouvido e gosto musical.
Sem dúvida, “Wild Grown” é uma barrigada de excelentes linhas de guitarra e baixo, batidas sólidas (“ousando” alguns pedais-duplos) e vocalizações de uma Sophia Vieira que se não é uma das melhores vocalistas nacionais anda muito lá perto. Nacional poderá ser até pejorativo, já que o seu potencial extravasa qualquer fronteira. Dinâmica, técnica, touch e personalidade. Aliás, neste disco Sophia terá até se afastado definitivamente de algumas influências do passado, ainda que dissimuladas, o que faz dela uma intérprete ainda mais brilhante.
É tarefa hercúlea pegar em “Wild Grown” e escolher um tema preferido, quanto mais apontar algum defeito, isto porque, após algumas audições todos se tornam viciantes e apoderam, brusca e autoritariamente, dos nossos cinco sentidos. Um disco para ouvir repetidamente até encontrar um bom remédio para a desintoxicação. [9/10] N.C.
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