Novo álbum a solo do fundador e líder de sempre dos UHF, com as participações de nomes como Tim, Miguel Ângelo, Manuel Faria, Fernando Delaere ou Rui Padinha. O título aponta para a antiquíssima mnemónica conhecida como 'o Palácio da Memória', isto é, a técnica de ordenar e recoletar conteúdo memorial a partir de relações espaciais memorizadas. Resumindo: trata-se de criar um lugar imaginário que tanto pode ser inspirado num espaço físico familiar ou fictício, ou numa combinação dos dois. No caso de António Manuel Ribeiro (UHF), o "período de confinamento social por imposição sanitária" levou-o a recordar a "casa escura", um "lugar de desterro num quarto ao fundo da casa, sem janela", para onde, em criança, a mãe o mandava (ou ameaçava mandar) sempre que, "traquinas, irrequieto", se punha "a inventar". Ao mesmo tempo, em termos psicológicos, esta "casa escura" pode igualmente representar o arquivo morto mental em que um criador deposita obra sem destino imediato, aqueles enigmas da sua própria criação que a arte lhe impõe. Juntando uma coisa à outra, António Manuel Ribeiro resume assim o processo: "[Aqui] reúno canções que fui guardando para o tempo certo, espécie de colheita em repouso, sem barrica de carvalho. Chegaram até hoje; juntei-as agora e adoro a sua coerência, vindas de diferentes ilhas da inspiração e dos episódios que vamos visitando nesta fisicalidade."
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