A invenção do Dia Claro
CD (Sony)
Available from 04/03/2019
Also Available in LP12 Vinil
(View All)
11.90 €
CD | LP
2019
'“Depois das gravações em São Paulo, multiplicaram-se os rumores. Dizia-se até que os Fausto já não conseguiam sair à rua sem bananas na cabeça. É mentira. Não há aqui batucadas exuberantes, nem acordes de bossa nova proibidos pela Convenção de Genebra. Os músicos paulistas convidados são gente recatada, dando só pequenos apontamentos de chorinho e samba, e pedindo logo desculpa pela inconveniência. Na sincopada “Sempre Bem”, o piscar de olho de Wallenstein a “Águas de Março” é tão discreto que o resto da banda nem sequer reparou. Afinal, o legado paulistano manifesta-se mais no travo quente e bem-disposto à Rita Lee do que na música propriamente dita. A depressão dos Dias Contados chegou ao fim. Mais do que brasileiro, é um disco tropical. Os pozinhos ska, e a citação de “Ghost Town”, levam-nos a suspeitar de uma escala em Kingston. As teclas, mesmo quando são tristes, sabem a Verão, como quem vai a um velório na praia e deixa cair o calipo de morango no caixão. Uma inocência doo-wop irrompe de quando em vez, fazendo-nos acreditar, durante 3 minutos, que o mundo é um lugar descomplicado e feliz. Até hoje, sempre se pensou que quem escrevesse baladas estupidamente bonitas iria ter sempre o mau gosto a vestir do Elton John. “Final” refuta este dogma, e o seu solo, de tão simples e elegante, devia ser exposto no museu do design. “Lentamente” tem um refrão tão contagiante que as autoridades de saúde já começaram a tomar precauções. Os portugueses adoram apanhar os seus heróis em falso. Muitos apostaram que a queda seria agora, ao quarto disco. Perderam muito dinheiro.” Ricardo Romano
2019
'“Depois das gravações em São Paulo, multiplicaram-se os rumores. Dizia-se até que os Fausto já não conseguiam sair à rua sem bananas na cabeça. É mentira. Não há aqui batucadas exuberantes, nem acordes de bossa nova proibidos pela Convenção de Genebra. Os músicos paulistas convidados são gente recatada, dando só pequenos apontamentos de chorinho e samba, e pedindo logo desculpa pela inconveniência. Na sincopada “Sempre Bem”, o piscar de olho de Wallenstein a “Águas de Março” é tão discreto que o resto da banda nem sequer reparou. Afinal, o legado paulistano manifesta-se mais no travo quente e bem-disposto à Rita Lee do que na música propriamente dita. A depressão dos Dias Contados chegou ao fim. Mais do que brasileiro, é um disco tropical. Os pozinhos ska, e a citação de “Ghost Town”, levam-nos a suspeitar de uma escala em Kingston. As teclas, mesmo quando são tristes, sabem a Verão, como quem vai a um velório na praia e deixa cair o calipo de morango no caixão. Uma inocência doo-wop irrompe de quando em vez, fazendo-nos acreditar, durante 3 minutos, que o mundo é um lugar descomplicado e feliz. Até hoje, sempre se pensou que quem escrevesse baladas estupidamente bonitas iria ter sempre o mau gosto a vestir do Elton John. “Final” refuta este dogma, e o seu solo, de tão simples e elegante, devia ser exposto no museu do design. “Lentamente” tem um refrão tão contagiante que as autoridades de saúde já começaram a tomar precauções. Os portugueses adoram apanhar os seus heróis em falso. Muitos apostaram que a queda seria agora, ao quarto disco. Perderam muito dinheiro.” Ricardo Romano
No comments here, be the first!