O título paradoxal desta obra do escritor austríaco Robert Musil
aponta, com ironia, para as circunstâncias da génese: em 1936,
entregue por inteiro à tarefa impossível de completar a sua obra
maior, o romance O Homem sem Qualidades, Musil decide fazer
sair dos prelos uma colectânea de textos vários, já anteriormente
publicados e agora mais ou menos substancialmente revistos, e
nos quais reconhece terem resistido à usura do tempo. Trata-se
de pequenos contos, ensaios, observações fragmentárias, que, no
conjunto, evidenciam uma grande unidade, ao serem percorridos
por um fio de ironia satírica e estruturados com soberana mestria
como experimentações literárias que desestabilizam os modos de
percepção correntes e obrigam o leitor a questionar o seu modo
de ver o mundo.
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